segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

O sentido humanista da educação





Muitas das pessoas com autismo são pensadores visuais e armazenam as palavras em sua forma escrita. E em determinado material fílmico costumam exagerar as capacidades destas.
O tratamento deste transtorno — todo um desafio para os especialistas — exige entrega, dedicação, paciência, amor e fé absoluta no trabalho.
E justamente é isso o que encontraram as crianças, adolescentes e jovens afetados da província de Cienfuegos no Centro de Atendimento ao Autismo Vilma Espín, verdadeiro orgulho da educação no território.
Sua diretora, a mestre em Ensino Especial, Tania González Fonseca, disse que a missão consiste em garantir-lhes o atendimento que os prepare para a vida útil e independente, a partir da aprendizagem e da potenciação das linhas de desenvolvimento da especialidade.
“Na escola — prosseguiu — se implementou um sistema de preparação, a partir de um diagnóstico individual, através das diversas vias do trabalho metodológico e de um modelo educativo para o tratamento psicopedagógico dos autistas, paralelamente à implementação de estratégias letivas, encaminhadas a facilitar seu desenvolvimento social e a orientação à família com o mesmo objetivo.
A psicopedagoga Ileana Álvarez Araújo é a psicoterapeuta do Centro, onde também trabalham uma psicóloga, uma logopedista, cinco professoras e quatro auxiliares pedagógicas, para oferecer possibilidades de aprendizagem a 18 alunos, dos 23 autistas da província, segundo informou a metodóloga de Autismo, Idolidia Veitía Cantero.
“Todo o trabalho aqui é terapêutico, os processos letivos fazem parte duma orientação psicopedagógica, com o objetivo de criar na criança reflexos de conduta social, de imitação, de adaptação. São pequenos regidos por rotinas, respondem aos mesmos estímulos; portanto, na escola não há imprevistos, mudanças de horários e regemo-nos por convenções ajustadas às suas necessidades”, disse Álvarez.
“Aprendem a trabalhar por imitação, pois não manifestam a conduta imitativa inclusive nas ações mais simples como seria vestir-se, levar a colher à boca. Portanto, nosso método passa pela observação constante e pela descoberta de suas potencialidades”, expressou a especialista.

ATENDIMENTO PERSONALIZADO PARA CADA CRIANÇA
Cada uma delas apresenta suas peculiaridades. Por exemplo, Carlos Manuel González Rivero, seis anos, gosta muito de ser mimado, abraçado, beijado, embora evite o contato físico nas ações; é atraído pelos objetos eletrônicos com resposta: um celular ligado, o flash duma câmera, o arranque do computador…
Carlitos aprendeu a controlar seu esfíncter e já não urina sem antes avisar; tentam agora que domine sua tendência a caminhar com os pés levantados como um dançarino. Laura María Rovira, oito anos, adquiriu habilidades criadas para o trabalho no computador. Com um apoio visual, ela decodifica o quê e como executar a ação. Apresenta uma ecolalia funcional (repete o escutado).
“O adolescente José Alí Martínez Ribalta gosta da música, já sabe reconhecer todos os cantores que escuta. Com ele foram utilizados recursos mnemotécnicos para identificar as cores; ele as conhecia, mas com nomes ou apelações próprias e costuma associá-las muito a alimentos: o pudim é o branco, e assim. Eduardo Enríquez Carballosa, 13 anos, tem predileção pelos grandes felinos (conhece suas características e hábitos) e tomamos esses animais como elemento potencializador”, afirmou Álvarez.
“Essas crianças transitaram por outras escolas especiais, onde foi feito um bom trabalho, aqui avançam pelo método um a um, muito efetivo”, sustentou a metodóloga de Autismo, Veitía.
Mostram comportamentos muito específicos, como o movimento das mãos ou de outras áreas do corpo. Essa atividade manual entorpece as ações curriculares, já que não as usam funcionalmente, por isso o trabalho um a um resulta fundamental.
“Devido a tal atendimento diferenciado mostram melhoras em socialização, habilidades comunicativas, reconhecimento do espaço geográfico e os horários da escola (aulas, lanche, almoço, lanche)”, sustentou Álvarez. “Inclusive os de desenvolvimento baixo, ao tocar a campainha e irem ao refeitório se dirigem a sua mesa e sua cadeira”, acrescentou.
“Em pouco mais de um ano de funcionamento da escola, os resultados são palpáveis, prova do caráter humano do sistema nacional de educação, que não faz apenas um acompanhamento muito certeiro das crianças, mas também da sua família”, elogiou a logopedista Liliana Díaz Ortega.
As três crianças que apresentam síndrome de Asperger, quatro de Rett, três autistas clássicos e oito com transtorno generalizado do desenvolvimento mostram progressos graças à aplicação deste custoso ensino que o Estado cubano oferece gratuitamente.
O Centro Vilma Espín oferece, também, atendimento a jovens que recebem na escola ou em suas próprias casas preparação para a vida, um dos quais está inserido numa oficina de cerâmica.

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